Parte 1 - Marina


Nunca quis que o Pedro pensasse que não o amava, eu só não era forte o suficiente para levar tudo aquilo que eu sentia adiante. Sempre senti que ele me amava mais que tudo na vida, mas diferente de mim, ele era mais forte, mais intenso. Eu era a fraca, a que desconfiava, a que não sabia o que sentia.

Seria uma injustiça descrevê-lo como injusto. Ele era perfeito, bonito e discreto. Aqueles cabelos lisos sempre me impressionavam, de uma sedosidade de dar inveja, enquanto eu, com meus cachos rebeldes...

Ainda me lembro de como foi dizer adeus. Foi difícil, uma tortura, mas foi preciso, apesar de lutar com todas as minhas forças para que isso não acontecesse, eu não queria prendê-lo na situação em que me encontrava. Perdida em meus pensamentos, com meus sentimentos, com o divórcio dos meus pais, e ainda tendo que lidar com nossos desentendimentos.

Ele era a paciência em pessoa, enquanto eu era a rebelde, a descontrolada, a impossível. Tinha dias em que achava que podia tirar a sanidade dele, e o colocar num hospital psiquiátrico, quando na verdade quem precisava de sedativos era eu. Nada me dava paz, nem o seu amor. Não me entendia e nem compreendia como ele aguentava aquilo tudo sem nem reclamar, sem me olhar feio. Muito pelo contrário, sempre dizendo que me amava.

Quando não aguentei mais prendê-lo, disse adeus. Um adeus sem volta. Um adeus com muitas lágrimas. Um adeus para sempre. Um adeus que hoje quero ter de volta.

Pedro se foi, e hoje, eu ainda estou aqui sentindo sua falta. Eu, Marina, a idiota,  disse adeus. Porém , ainda padecem aqui a minha necessidade dele. Aquele que foi capaz de me amar sem fazer julgamento. Aquele que foi capaz de me amar de alma, mente e corpo.

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