Parte 7 - Marina


É engraçado como algumas pessoas entram na nossa vida para fazer a diferença. Nunca fui daquelas meninas que dão confiança ou que ficam rodeada de meninos. Não igual minha amiga Beatriz que sempre foi assim, muito comunicativa, muito bondosa, divertida e que todos ansiavam em rodeá-la. Não conheço uma pessoa que não gostasse dela, ou que não se sentisse bem na sua presença. Éramos inseparáveis, tanto na escola como no dia-a-dia. Não consigo imaginar minha vida até hoje sem ela.

Bê é minha irmã-amiga, aquela que está nas horas boas e ruins. Com quem você pode explicar seus mais íntimos sentimentos e sempre saberá o que dizer, algo para opinar, pra compartilhar; e quando não o souber lhe dirá quando encontrar a resposta. Com fala mansa, linda e de uma personalidade sensacional...

Há dias estava encontrando uma forma de contar-lhe sobre o Pedro. Ai meu Deus, como iria fazer isso?? Nós nunca falamos sobre isso. Eu não era quem ia atrás dela para falar de meninos. Essa função era dela. Ela me contava sempre sobre seu mais novo affair, suas paixonites loucas. E quando eu contasse, como ela ia reagir? Eu não sabia!

Eu estava estranha. Mas era um estranho bom. Ninguém tinha me feito sentir assim, tão especial. Sim, especial. Era o que eu sentia quando estava com Pedro. Sua atenção estava sempre à minha disposição. Quando eu queria uma opinião ou lhe contava sobre como eu entendia as aulas, ou até mesmo quando eu cheguei a contar-lhe sobre minha mãe ou sobre a Bê- mas sem grandes detalhes - ele estava atento, concordando com um leve assentir com a cabeça ou só mostrando seu lindo sorriso. E eu pensava: "Como resistir à tamanha alegria da minha alma?", e isso me fazia rir.

Há quanto tempo eu não sorria com vontade... E contei a Bê como eu me sentia mais leve perto dele, falei do seu sorriso e como ele sempre me fazia sorrir. Em como o inglês saia perfeito daqueles lábios, em como adorava quando ele trazia um livro novo para a aula dizendo enfaticamente que estava odiando um personagem; era sempre engraçado quando não gostava do que estava acontecendo no enredo da história, e sempre me fazia opinar sobre uma futura leitura... Bê apenas ria de mim. Ela dizia como era bom me ver finalmente assim, "deixando alguém entrar", foram essas as suas palavras, e o que ela não sabia é que ele já estava dentro. Dentro de mim... da minha alma, do meu coração.

Respirei longa e profundamente, forçando seu coração a frear, apaziguar tudo o que eu sentia. Como eu ficaria de agora em diante perto dele. Não restava dúvidas que estava em paz, não imaginava que seria uma sensação tão boa gostar de alguém... sendo apenas uma boba apaixonada. Apaixonada por Pedro... pelo Pedro... Pedro... Pedro...

0 comentários: