O poder de um livro! (20 Garotos no Verão, de Sarah Ockler)


Esse final de semana tive a oportunidade de ler o livro mais triste da minha vida, que despertou em mim sentimentos que há muito não sentia. Vinte Garotos no Verão da Sarah Ockler, que já estava na minha lista desde que vi a capa internacional há uns 6 anos atrás.
"Na verdade, as coisas não vão embora. Elas se transformam em algo diferente. Algo mais bonito."
O livro conta a história da morte de Matt e como Anna e Frankie lidam com a perda de seu ente querido. Anna teve uma paixão secreta por Matt e conseguiu transformar isso em realidade antes dele falecer, e Frankie tenta apenas seguir em frente após a morte do seu irmão. Elas são melhores amigas mas não sabem como superar isso, e nem o que fazer pra confortar uma a outra.

Daqui há 3 meses completa 1 ano que meu pai faleceu, e nem mesmo no seu enterro aquela percepção de sofrimento ou luto estava presente. Chorei, isso é óbvio, não é fácil deixar alguém que você tanto ama ir embora. Mas a presença de tantas pessoas queridas e seu carinho por mim, fizeram com que o momento fosse menos doloroso.

Mas esse livro veio pra levar com tudo, e abriu as comportas de todas as lágrimas que não tinha derramado.
"Cair em prantos é diferente de chorar. O pranto consome seu corpo todo e, quando acaba, você sente como se não tivesse ossos para mantê-lo em pé."
As descrições de sentimentos que estavam trancafiados em mim e as palavras de como as pessoas não se importam com o que você passa, tava tudo lá descrito, nos mínimos detalhes. Tudo o que eu pensei durante os dias de angústia, de escuridão e eu não queria falar de nada, só ficar no meu canto. E ao mesmo tempo estava lutando a cada dia pra manter a memória viva de que meu pai ainda é uma parte de mim, são os mesmo sentimentos que Anna luta pra manter.
"Que você acorda todos os dias se perguntando por que você está viva e ele não."
A saudade é uma droga! E isso pode te manter presa no mesmo lugar pelo resto da vida. E pensava todos os dias que eu não queria esquecê-lo, como em "Um Lugar Pra Ficar" (da Cecelia Ahern) em que os esquecidos percebiam quando seus parentes tinham deixado de lutar e estava seguindo com a suas vidas. Não queria isso!
"Às vezes acho que nos sentimos culpados por estarmos felizes, e, assim que nos pegamos agindo como se tudo estivesse certo, alguém se lembra de que nada está certo."
Me levou também há lugares que eu quase não ia, como as lembranças do meu pai de alguma maneira bem (no começo da doença) e depois ficando cada dia mais doente, tendo o segundo AVC  e a cada dia mais longe de uma boa reabilitação. Eu simplesmente não me lembrava disso, só pensava em outras coisas, mas aí um livro de 288 páginas fez minha cabeça rodar e reviver isso tudo em 2 dias.

E quando acabei a leitura o que restou foi o sentimento de que meu pai sempre será "meu daddy" e eu serei "a menininha do papai", ele esteve aqui e eu o amei da melhor forma que pude e me senti muito amada. A perda foi repentina mas ele sempre estará em mim, sou o molde que ele formou há 28 anos atrás.
"Faço que sim e sorrio. Um pé diante do outro. Estou bem, obrigada por não perguntar."

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