Parte 9 - Marina




Porque eu tinha concordado com essa insanidade? Estar perto do Pedro é a última coisa que eu precisava nesses dias. Andava tão tensa com os acontecimentos em casa. Minha mãe não me entende mesmo, a ideia fixa de vender a casa que moramos a vida toda ainda persiste e isso me deixa estressada.

A minha vida mudou muito quando meu pai morreu. Isso já faz 2 anos; ele era meu mundo. Aos 15 anos descobri que ele era minha alma gêmea. Pode até soar engraçado quando eu dizia isso, e ninguém entendia, o que é compreensível. Geralmente a maioria dos jovens não tem um bom relacionamento com os pais. No meu caso era o contrário, a comunicação em casa sempre foi algo primordial, contar como foi meu dia era rotina na hora do jantar. Rir das minhas novidades na escola, contar o que minhas amigas e eu fazíamos sempre deixava meus pais entretidos com um sorriso bobo nos lábios. Passeios de finais de semana, ir ao cinema ver os filmes que eram lançados - hábito que não deixei, o que me lembrava que estava nervosa por causa do Pedro.

Daniel, meu papai querido. Eu o amava. Amo. Passou a ser o meu melhor amigo e confidente; aquele tipo de pessoa que você confia cegamente e derrama seu coração até não querer mais. Ele sabia a parte mais ínfima dos meus pensamentos, até o fato de eu ansiar conhecer um homem que fosse como ele, aquele que eu dividiria uma vida.


"As pessoas são únicas, filha", era o que me dizia vez após vez quando eu insistia no mesmo assunto. Mamãe tinha tanto sorte em tê-lo encontrado.
"Mas pai, eu não tenho nem duas décadas de vida e já noto como as pessoas são egocêntricas e egoístas". Era realmente uma chata queria uma coisa, afinal eu estava falando da minha vida né, não poderia querer menos que isso, afinal eu tenho um cérebro. Não quero ninguém que me coloque pra baixo ou faça da minha vida um inferno.
"Não se preocupe querida, quando o certo chegar você simplesmente saberá". Aquelas palavras se repetiam vez após vez dentro de mim, porque quando a pessoa aparecesse a quem eu apresentaria? A quem eu contaria como estava me sentindo? E mais no futuro, quem andaria comigo até o altar? Às vezes até queria ficar sozinha, queria isso nunca acontecesse.

Aquele acidente há 2 anos atrás acabou com os meus sonhos. Eu estava muito quebrada para notar que algo bom estava acontecendo.

0 comentários: